segunda-feira, novembro 21, 2005

O cinema dos Pampas

Mais um personagem de botas. O ator Werner Schünemann, novamente na pele de general Netto, grava outro filme épico no Rio Grande do Sul. O general e o negrinho (e um certo índio Torres) é uma seqüência de Netto perde sua alma e firma o conceito novo estabelecido pelo diretor Tabajara Ruas: o Cinema dos Pampas, que respeita a história, mas com liberdade de criação. Equipe de 130 pessoas está na vila Capilla, nos arredores da Estação Ecológica do Taim, onde serão gravadas 70% das cenas. As restantes serão no Hospital São Pedro, em Porto Alegre. O general e o negrinho é uma releitura da lenda do Negrinho do Pastoreio. Durante a Guerra dos Farrapos, três personagens - general Netto, mito; Negrinho do Pastoreio, lenda; e um certo índio Torres, mistério - se envolvem numa vigorosa aventura, que traça painel emocionante e verdadeiro do século XIX. O longa-metragem busca valorizar a diversidade étnica e cultural do Brasil, a partir do Sul. A produção é de R$ 2,7 milhões e gera 194 empregos diretos e mais de 500 indiretos. Tarcísio Filho, que repete a dupla com Werner Schünemann, vive o índio Torres. A interpretação de Negrinho fica por conta de Evandro Elias, adolescente de 17 anos, descoberto na periferia de Porto Alegre. Por uma questão de segurança, até a exibição do filme, prevista para agosto de 2006, o jovem não será fotografado. Seu rosto só será conhecido pelo público a partir da estréia, conforme acordado com uma ONG (organização não-governamental). O restante do elenco é formado por atores gaúchos, entre eles Ian Ramil, Rogério Beretta, Nico Nicolaiewsky, Júlio Onte, Lu Adams, Zé Victor Castiel, Laura Medina, Manuel D'Agostini, Giovana Duval, Vera Lopes e Denizeli Cardoso. O escritor angolano Ondjaki e o poeta português Aurelino Costa também estão na relação. Próxima novela das oitoWerner está no elenco da próxima novela das oito da TV Globo, que vai substituir Belíssima. De autoria de Manuel Carlos, ainda não tem nome definido. Em maio de 2006 começam as gravações. Até lá, Werner vai se dedicar ao teatro. Depois do filme estréia numa peça americana, com final feliz, segundo classificou o trabalho. A família? Está longe há um tempão. Antes de vir para o Rio Grande do Sul participou de um espetáculo, também com Tarcísio Filho, "a dupla que engrenou" (brincou), em Santa Catarina. Desceu direto. A mulher, Tânia Oliveira, figurinista de O general e o negrinho, veio junto, mas já retornou ao Rio de Janeiro. "Pelo menos as crianças não estão mais sem mãe e sem pai", comentou, ao se referir aos filhos Dagui, de dez anos, e Arthur, nove. Este é o filme da conspiraçãoPara Werner Schünemann, mesmo que o projeto não tenha uma cronologia, este é o filme da conspiração. Duas missões centralizam o roteiro: libertar o índio Torres, que foi colega de Netto, e procurar o sargento Caldeira, levado para um quilombo onde começam a se formar os lanceiros negros.Embora não tenha uma ligação direta de infância e juventude com o Pampa gaúcho, Werner coleciona personagens de botas, como ele mesmo diz. Natural de São Lourenço do Sul, vem de família dedicada à pecuária. Aprendeu a andar a cavalo quando gravou o primeiro filme de época. Depois veio a minissérie A casa das sete mulheres.A rotina de gravações no Taim começa por volta de 5h e se estende até as 19h. O almoço é servido próximo ao set de filmagem. Numa cena em que estava no bolicho (construído para o filme, assim como um forte e outros espaços), Werner teve de comer cinco ovos fritos, pois teve repetições de gravação. O resultado foi uma tremenda azia, que teve de contornar tomando um antiácido.

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